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Custos ocultos do dólar turismo

Publicado em 04/05/2017 - Atualizado em 11/09/2019

Cada vez mais as lojas online internacionais conquistam seu espaço entre os consumidores brasileiros. Em 2016, mais de 21 milhões de e-consumidores do Brasil compraram em algum site internacional, um incremento de 21% em comparação com o ano anterior. Neste cenário, o passo lógico para negócios internacionais que vendam ao Brasil é utilizar um parceiro local de pagamentos para processar os pagamentos em reais e oferecer métodos de pagamentos nacionais. No entanto, para receber os fundos em suas respectivas moedas, os comerciantes precisam considerar as taxas de câmbio aplicadas para liquidações cross-border. Os custos envolvidos na conversão de moedas podem reduzir significativamente as margens de lucro do lojista, especialmente porque alguns bancos e serviços de processamento de pagamentos utilizam a taxa conhecida como “dólar turismo”, que normalmente chega a ser até 7% mais cara que a taxa oficial.

No entanto, o que é exatamente o “dólar turismo”? Historicamente, o Brasil passou por diversas crises cambiais. Isso levou o governo a impor limites e aumentar a burocracia para a realização de compras de moeda estrangeira. Tais restrições fomentaram o desenvolvimento de um mercado negro de câmbio, também chamado de mercado paralelo. Nos anos 80, estas restrições e controles se tornaram mais rígidas, fortalecendo o mercado paralelo. Como uma tentativa de regular as transações levadas a cabo no mercado negro, em 1988 foi criado um segmento de mercado de câmbio flutuante. O novo segmento ficou conhecido como “dólar turismo” e, ao contrário do mercado oficial – também chamado de “dólar comercial”, funcionava em base a uma taxa de câmbio flutuante que variava segundo a oferta e procura, em uma dinâmica similar à do mercado paralelo.

Em 2005, o Mercado de câmbio brasileiro passou por mudanças que fundiram os segmentos comercial e turismo. A partir de então, o país passou a ter somente um mercado de câmbio legal baseado em uma taxa flutuante e o “dólar turismo” deixou de existir como uma taxa oficial. No entanto, ambos termos ainda são comumente utilizados no Brasil para identificar diferentes taxas de câmbio. Desta forma, o “dólar turismo” é usado para operações que envolvem a compra e venda de moedas para viagens internacionais, enquanto as transações comerciais, como importação, exportação e transferências de fundos utilizam o “dólar comercial”.

 

Então, qual é a diferença?

A taxa oficial, ou “dólar comercial”, é publicada pelo Banco Central do Brasil (Bacen) diariamente em seu site. A taxa de câmbio média do dia é definida baseada em todas as transações realizadas no mercado. Como esta taxa serve somente como uma referência para calcular a taxa a ser utilizada, cada instituição financeira, casa de câmbio ou provedor de pagamentos pode utilizar suas próprias taxas. De forma geral, estes agentes utilizam a taxa oficial e aplicam um spread para definir uma nova taxa que é normalmente chamada de “dólar turismo”. Este spread cambial pode aumentar a taxa de câmbio em até 7%, segundo um estudo feito por Melhores Destinos. Comparando rapidamente a taxa de câmbio usada no dia 2 de maio de 2017 por dois dos principais bancos brasileiros, Banco do Brasil e Bradesco, bem como duas casas de câmbio, Confidence Câmbio e Cotação, e a taxa “dólar turismo” publicada no popular portal Economia.uol contra a taxa oficial publicada pelo Bacen, podemos ver que o menor spread aplicado foi de 4,26%, com o Banco do Brasil chegando a adicionar até 5,31% à sua taxa.

 

Taxa de câmbio no dia 02/05 Taxa de câmbio oficial do Bacen Diferença
Banco do Brasil 3,347 3,169 5,31%
Bradesco 3,320 3,169 4,55%
Economia,uol 3,310 3,169 4,26%
Confidence Câmbio 3,340 3,169 5,12%
Cotação 3,328 3,169 4,79%

 

Provedores de serviços de pagamento que oferecem o processamento de pagamentos e liquidações cross-border normalmente seguem este mesmo critério. Contudo, ao fazê-lo não costumam informar do spread adicionado à taxa de câmbio. Isso cria um modelo de taxas ocultas, onde as taxas de processamento são claras, mas o comerciante acaba pagando mais devido às taxas escondidas na taxa de câmbio. Além disso, o “dólar turismo” torna mais difícil para os comerciantes prever o valor da liquidação.

Por outro lado, a PagBrasil oferece aos lojistas internacionais acesso a uma taxa de câmbio transparente e rentável baseada na taxa interbancária oficial publicada pelo Bacen. Como a diferença nas taxas de câmbio pode variar significativamente de um agente a outro, os comerciantes devem compará-las sempre antes de escolher um provedor de pagamentos, somada às taxas de serviço. Desta forma, a decisão será tomada levando em conta todos os custos envolvidos, do processamento do pagamento à conversão de moedas.

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