Vender cross-border para o Brasil: atenção com o dólar turismo

Publicado em 27/09/2018 - Atualizado em 22/11/2019

A indústria de e-commerce brasileira cresce consistentemente. Durante os últimos anos de recessão econômica, o mercado de e-commerce do país manteve taxas de crescimento tanto em termos de receita como em número de consumidores, ao contrário do segmento do varejo tradicional. No entanto, os consumidores brasileiros não compram somente em sites nacionais. Estudos recentes do PayPal e Ipsos, bem como da Ebit, indicam que a cada ano mais e mais brasileiros compram em sites internacionais.

Os números situam o Brasil como uma excelente oportunidade para negócios internacionais que vendam de forma transfronteiriça ao país. Quase 50% dos compradores online brasileiros compraram cross-border em 2017 e 8% deles escolheu comprar exclusivamente em e-commerces internacionais, seja pelos preços mais baixos ou maior variedade de produtos disponíveis.

Os comerciantes que apostam pelas oportunidades que o Brasil oferece devem considerar vários elementos na hora de iniciar uma operação cross-border de sucesso. Nós já compartilhamos nossas dicas para quem está pensando em expandir para o Brasil, mas há um ponto que é frequentemente negligenciado: a conversão de moedas.

A taxa de conversão de moedas e as remessas internacionais certamente terão um impacto significativo nas margens de lucro dos negócios. No Brasil, é comum que empresas que ofereçam a liquidação e remessa para o exterior usem a taxa conhecida como “dólar turismo”. No entanto, isto acaba gerando um modelo de taxas ocultas que aumenta o custo e riscos relacionados com a flutuação cambial. Por isso, é preciso ter cuidado com o dólar turismo.

 

Breve contexto do dólar turismo

Nós já abordamos de forma mais detalhada o histórico do dólar turismo em outro artigo. De forma resumida, o dólar turismo foi criado pelo Banco Central no fim dos anos 80 como um intento de regular as transações cambiais que ocorriam no mercado negro (ou paralelo). Se tratava de uma taxa de câmbio flutuante que variava segundo a oferta e procura, ao contrário da taxa conhecida como “dólar comercial”. Em 2005, no entanto, as mudanças no mercado brasileiro de câmbio unificaram ambos segmentos de câmbio, criando um único mercado de câmbio baseado em uma taxa flutuante. Desde então, o dólar turismo deixou de existir como uma taxa de câmbio oficial.

Nosso Senior Account Manager, André Almeida, destaca que “ambos termos ainda são frequentemente utilizados no Brasil para identificar diferentes tipos de operações e taxas”. Enquanto o dólar comercial é associado a transações comerciais como a importação e exportação, ou a transferência de dinheiro, o termo dólar turismo ainda é usado para operações relativas à compra e venda de moedas para viagens internacionais. “Alguns agentes do mercado tiram proveito desta situação e é natural que os comerciantes internacionais fiquem confusos ao receber propostas com o dólar turismo para suas remessas”, adiciona André.

Atualmente, a média diária da taxa interbancária oficial é definida tendo como base todas as transações realizadas no mercado no dia. O Banco Central publica esta taxa official em seu site todos os dias.

André continua relatando que “é importante destacar que a taxa de câmbio informada pelo Banco Central serve apenas como uma referência para calcular a taxa a adotar”. Cada agente, seja uma instituição financeira, casa de câmbio ou provedor de serviços de pagamento, tem total liberdade de definir suas próprias taxas baseadas na taxa oficial. “O padrão seria aplicar um pequeno spread à taxa oficial para cobrir qualquer gasto relacionado com a conversão. No entanto, alguns agentes usam o termo ‘dólar turismo’ para justificar uma taxa de câmbio inflada”, continua. Este spread normalmente aumenta a taxa de câmbio em até 7%, segundo um estudo realizado pela Melhores Destinos.

 

dólar turismo

 

Não é muito difícil de observar esta tendência. No mês passado, nós comparamos a taxa de câmbio usada por dois dos principais bancos brasileiros, Banco do Brasil e Bradesco, bem como duas casas de câmbio, Confidence e Cotação, e o dólar turismo publicado no popular portal Economia.uol contra a taxa oficial publicada pelo Banco Central. Os resultados são muito claros e auto-explicativos. O spread mais baixo aplicado no dia 29 de Agosto, o dia usado para a comparação, foi de 4,23%, com a Confidence Câmbio chegando a adicionar até 6,53% de spread à taxa oficial.

Como em qualquer parte da operação de um negócio, ter uma visão clara e completa dos custos associados à conversão é essencial. André destacou que “os lojistas internacionais normalmente se centram muito no impacto que as taxas de processamento de pagamento terão em suas margens. No entanto, a transparência é essencial para quem deseja ter total controle sobre todos os custos envolvidos na operação no Brasil. Quando os processadores de pagamento não informam o spread adicionado à taxa de câmbio utilizada, ocultando-se atrás do termo dólar turismo, eles acabam criando um modelo de taxas ocultas que aumenta consideravelmente os custos do processamento e que não é nada transparente”.

Como a transparência é um dos nossos pilares na PagBrasil, todos os nossos comerciantes internacionais são informados sobre o spread que adicionamos à taxa interbancária oficial publicada pelo Banco Central. “Nos orgulhamos de oferecer um modelo de câmbio economicamente eficiente. Em um Mercado no qual as taxas de câmbio podem variar significativamente de um agente para outro, criando uma atmosfera especulativa, recomendamos que os negócios tenham em conta este elemento ao comparar diferentes provedores. Tenha atenção com o dólar turismo e suas taxas ocultas, já que podem acabar reduzindo suas margens de lucro”, conclui André.

Para conversar com o André ou outro membro da nossa equipe para esclarecer qualquer dúvida ou entender melhor sobre o modelo de câmbio da PagBrasil, entre em contato.

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