A expectativa é que o m-commerce e o m-banking revolucionem o comércio online
Durante muito tempo o Brasil ficou para trás no número de smartphones, mas agora começa a se recuperar a um ritmo impressionante. Há quatro anos, o instituto de pesquisa Nielsen divulgou que as vendas de smartphones nos Estados Unidos haviam superado as vendas de outros tipos de celulares, no entanto, no Brasil, isso ocorreu apenas em 2013. Com aproximadamente 55 milhões de smartphones vendidos em 2014, um crescimento de 54% com relação a 2013, o Brasil avançou e ocupa a 6ª posição no ranking mundial de smartphones. Durante o mês de outubro do ano passado alcançou-se o recorde de 7 milhões de unidades vendidas, o que representa praticamente o total de smartphones vendidos durante todo o ano de 2011. Novas e melhoradas funcionalidades, além de preços mais baixos, tornaram os smartphones não somente mais atrativos como também mais acessíveis para muitos brasileiros. Apesar do Android liderar, com quase 90% de participação no mercado, é interessante enfatizar que as vendas de Windows Phone ultrapassaram as vendas de iOS em 2014.
A IDC espera que a adoção dos smartphones continue crescendo no Brasil e que o país mantenha a 6ª posição até 2018, quando se estima que haverá mais de 2 bilhões de usuários de smartphones no mundo. Os investimentos dos fabricantes de smartphones no mercado brasileiro reforçam estas previsões. A Samsung fabrica praticamente toda a sua linha de smartphones e tablets localmente no Brasil, e outras empresas, como Apple, Sony, Alcatel e estrelas chinesas em ascensão, como Xiaomi ou TCL, abriram ou estão construindo suas fábricas no país.
O Brasil sempre teve um setor bancário avançado e todos os principais bancos oferecem aos seus clientes apps sofisticados e também sites adaptados para dispositivos móveis. Segundo um estudo publicado por Opinion Box e Mobile Time, publicado em setembro de 2014, mais de 40% dos brasileiros que dispõem de conta bancária utilizam serviços bancários móveis e metade deles prefere esta opção ao acesso via computadores de mesa. Dos que utilizaram serviços bancários móveis, mais de 80% acessaram suas contas por meio de apps e 35% em sites adaptados para dispositivos móveis. Mais de 66% dos participantes já pagou contas e aproximadamente 55% realizaram transferências bancárias via Internet banking. Ralf Germer, CEO da PagBrasil, explica: “A conveniência e o tempo que se economiza ao escanear um código de barras de uma conta de consumo com a câmera do smartphone, para pagá-la em poucos cliques, é o principal incentivador da adoção de smartphones, e, além disso, cria-se um efeito viral que acelera sua expansão”.
O Bradesco, um dos principais bancos brasileiros, começou a oferecer acesso gratuito ao seu app em outubro do ano passado, através de um acordo realizado com as operadoras de celulares brasileiras, parceria que foi divulgada em diversos canais. Como resultado da isenção de cobrança pelo tráfego de dados, somente no primeiro mês foram realizadas 200 milhões de transações com dispositivos móveis.
Embora o Internet banking já tenha conquistado seu espaço, o m-commerce ainda oferece grandes oportunidades de crescimento. Em janeiro de 2015, o m-commerce representou 9,7% de todas as transações de comércio eletrônico realizadas em sites móveis (excluindo apps) no Brasil, segundo um estudo recente realizado pelo e-bit.
Apesar do m-commerce estar conquistando mercado, nenhum método de pagamento se tornou predominante. Algumas soluções específicas para vendas presenciais já existem há algum tempo, mas podem ser consideradas mais em fase experimental que perto de serem adotadas em massa. No espaço do e-commerce, excluindo as vendas em apps, que em sua maioria são processadas pelas app stores, os brasileiros utilizam principalmente cartões de crédito para pagamentos móveis. Além disso, para alguns serviços específicos, como jogos para dispositivos móveis, a cobrança por SMS também é importante.
Por último, mas não menos importante, um dos grandes desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades que o Brasil oferece, é a inclusão dos 55 milhões de brasileiros que não possuem contas bancárias e que representam 40% da população adulta. Muitos têm dificuldades para comprovar rendimentos regulares e apresentar toda a documentação necessária para a abertura de uma conta bancária. Ralf Germer comenta: “Acredito que a adoção do m-commerce e o desenvolvimento de soluções para pessoas que não possuam contas bancárias podem ser abordadas em conjunto através de soluções inovadoras para pagamentos móveis. A penetração dos smartphones, que cada vez mais se expande a todas as classes sociais e regiões, impulsionará o desenvolvimento de uma grande transformação no Brasil durante os próximos anos”.