Fraudes Pix Vs Cartão de Crédito
Fraudes Pix Vs Cartão de Crédito

Pix vs. Cartão: A Realidade da Segurança nos Pagamentos Digitais no Brasil

Publicado em 28/05/2025 - Atualizado em 29/05/2025

Em um cenário de pagamentos digitais em rápida evolução, a segurança é prioridade. Hoje, quero compartilhar minha visão sobre como o Pix se compara aos cartões nesse aspecto, e os importantes avanços que o Banco Central está implementando para tornar o pagamento instantâneo cada vez mais seguro.

Gostaria de trazer aqui alguns dados para que possamos compreender melhor o panorama atual das fraudes e golpes financeiros no Brasil. Começo com o Relatório de Identidade Digital e Fraude 2025, uma iniciativa do Serasa Experian.

O levantamento foi realizado com consumidores brasileiros de diferentes perfis sociais, e buscou identificar as principais preocupações dos usuários diante das tentativas de fraude no mundo digital. Entre os golpes mais citados está o uso indevido de cartões de crédito por terceiros ou a utilização de cartões falsificados, que lideram a lista de ocorrências. Indo mais a fundo nos resultados, chama a atenção uma contradição entre a percepção de risco e a realidade das fraudes:

  • 48% dos entrevistados foram vítimas de fraude com cartão de crédito em 2024 (contra 39% em 2023).
  • Apesar da desconfiança, a incidência de golpes via Pix é menor, atingindo 33% dos consultados.
  • 51% dos respondentes disseram conhecer alguém que já passou por uma situação de golpe com cartão de crédito.

Ou seja, neste estudo, os dados demonstram que o Pix é menos suscetível a fraudes do que o cartão de crédito.

No entanto, essa estatística é questionada pela Abecs — entidade que representa diversos participantes da indústria de cartões. A associação diz que, em junho de 2024, foram registradas oito fraudes a cada 100 mil transações autenticadas e aprovadas no cartão de crédito, enquanto no Pix esse número teria sido de 12 ocorrências por 100 mil operações no mesmo período.

Essa avaliação contrasta com a do Banco Central. Em julho do ano passado, o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, criticou “narrativas muito fora da realidade” a respeito da segurança do Pix. A fala foi destacada pela CNN Brasil. Segundo dados da própria instituição, o Pix registrava sete fraudes a cada 100 mil operações, enquanto os cartões de crédito apresentavam uma taxa bem mais elevada: 30 fraudes por 100 mil transações. Campos Neto também comparou o Pix com o sistema equivalente no Reino Unido (Faster Payments), que registra cerca de 100 fraudes a cada 100 mil operações. Sendo assim, o Pix mostra-se consideravelmente mais seguro.

E a polêmica não parou por aí. Especialistas consultados pelo Valor Econômico criticaram a forma como os dados apresentados pela Abecs foram analisados. O estudo levou em conta todas as transações realizadas via Pix, sem distinguir a natureza da transação ou aquelas que têm características mais próximas das operações com cartão de crédito, como os pagamentos de pessoas físicas para empresas.

Essa diferenciação é fundamental, já que muitas das fraudes envolvendo Pix ocorrem em transações entre pessoas (P2P), enquanto os pagamentos de consumidores para empresas (P2B) apresentam índices mais baixos de risco e, portanto, nem sequer contam com um Mecanismo Especial de Devolução (MED), uma funcionalidade operacional que vou trazer mais detalhes a seguir.

Além disso, é importante considerar que há diferentes tipos de fraude e metodologias de medição entre os meios de pagamento. Para alguns analistas, uma abordagem mais precisa seria avaliar o volume financeiro efetivamente fraudado, e não apenas a quantidade de transações afetadas. Em um cenário com diferentes análises e interpretações sobre o tema, é fundamental que as instituições financeiras e os órgãos governamentais continuem aprimorando seus processos para garantir a segurança nas transações financeiras, independentemente do meio ou da natureza das operações.

Nesse ponto, o Banco Central mostra que busca aperfeiçoamento constante para garantir a segurança nas transações via Pix. Em março deste ano, o BC anunciou que instituições financeiras terão que excluir chaves Pix vinculadas a pessoas e empresas em situação irregular na Receita Federal. Vale explicar que essa irregularidade diz respeito à situação cadastral junto à Receita e não tem ligação com o pagamento de tributos.

Primeiro, o BC enviará um documento com a lista de CPFs e CNPJs que estão irregulares para cada instituição financeira que participa do Pix. Depois, será dado o prazo de um mês para que esses dados sejam verificados e, caso sejam identificadas situações cadastrais como “suspensa”, “cancelada”, “baixada” ou “nula”, as chaves Pix deverão ser excluídas.

Segundo o Banco Central, a medida tem como objetivo evitar fraudes envolvendo registros inconsistentes ou falsos, como a criação de contas com nomes que não correspondem ao verdadeiro titular, prática comum em golpes. O descumprimento das novas regras poderá gerar multa a bancos e financeiras.

Em abril, o BC trouxe mais uma novidade: a partir de 1º de outubro de 2025, os bancos deverão oferecer um autoatendimento digital para o Mecanismo Especial de Devolução (MED) diretamente em seus aplicativos. A nova funcionalidade permitirá que vítimas de fraudes ou golpes solicitem a devolução de valores enviados por Pix de forma simples, sem precisar entrar em contato com o atendimento da instituição. No fim das contas, não importa quem é o mais seguro entre Pix e cartões. O que realmente interessa é construir um ecossistema de pagamentos cada vez mais confiável para todos, empresas e consumidores.

Em um contexto em que a segurança digital é cada vez mais necessária, iniciativas como as do Banco Central para reforçar a proteção do Pix mostram-se essenciais. Afinal, o enfrentamento às fraudes exige atualização constante dos mecanismos de prevenção e transparência no tratamento das informações — fatores decisivos para manter a confiança nos diversos métodos de pagamento digitais.

Ralf Germer é CEO e Cofundador da PagBrasil. Possui vasta experiência nas áreas de administração de empresas, desenvolvimento de negócios internaciona... Ver mais

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